quinta-feira, 24 de abril de 2008

Di María


Nada melhor que começar o blog de um grande jogador com um grande texto que li sobre ele nas páginas do jornal Record de hoje. "Uma bandeira do novo ciclo" foi escrito por Rui Dias e é um dos textos que mais me deu prazer ler. Passo a citar alguns momentos, para mim, mais marcantes no texto.


"O jovem argentino, como a maioria dos adolescentes, só cumpre o ideal da felicidade plena quando sente que é amado pelas bancadas. A confiança, o aplauso e o carinho são as forças motrizes daquele futebol grandioso, feito de explosões constantes, mas que precisa de ser moderado nos exageros, orientado nas extravagâncias e reprimido nos exibicionismos. Suportado em qualidades técnicas fantásticas, Di María é daqueles futebolistas que têm linha directa com a plateia e perfil indiscutível de herói popular: sobrepõe a ousadia ao conformismo; a aventura ao medo; a alegria ao aborrecimento; a magia ao músculo. O adepto, que procura a vitória da sua equipa mas também a máxima expressão dos grandes artistas, facilmente se revê em actores que lhe alimentam a alma com instinto, graça, risco e imprevisibilidade."

"O seu repertório é ilimitado mas, à semelhança do que sucede com quase todos os habilidosos, não sabe defender-se nas dramáticas noites em que as musas adormecem e o deixam entregue ao deus-dará. Di María aposta tudo na inspiração, mesmo quando é preciso ter armas para ser útil de outro modo."

"Di María baseia-se na intuição e na eficácia de exercícios solitários. A consessão máxima às regras colectivas do futebol é o recurso a acções pouco participadas, a um ou dois toques, que lhe permitem inventar espaços para voltar à casa de partida, ou seja, à livre iniciativa que o aproxima da meta sem apoios de terceiros. A viagem iniciada na esperança, com paragem na decepção e que parece destinada a terminar em glória, está a ser excessivamente longa. Em Alvalade, nos primeiros 45 minutos, assustou-se com a vertigem do fracasso prematuro e jogou como quem reencontra a auto-estrada da excitação - fintou, deu linhas de passe aos companheiros, criou desiquilíbrios sozinho, ofereceu golos e pintou a manta. O ciclone recuperou-o como sério candidato à bandeira do novo ciclo encarnado. Di María é, em si mesmo, um bom início de conversa. Mas será, mais ainda, um grande desafio para o futuro treinador encarnado."

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